quarta-feira, 24 de junho de 2009

I've got nostalgic pavements

Não sei escrever sobre o sorriso.
Não sei escrever sobre o alívio.

Não sei, em geral, escrever sobre os abraços apertados...e eu queria.
Talvez eu não saiba colocar em palavras o que é escasso em gestos, no meu dia-a-dia.
É mais fácil pra mim, transpor em verbos, substantivos, ditongos, hiatos, a sensação dos dentes serrados, do meio-sorriso, simulando uma quase satisfação, ou então o simples fato de não ligar (ou fingir que). É menos complexo descrever os ossos despedaçados, a fissura na fundação, as mãos trêmulas, do que a tranquilidade.

Não significa que meus passos são movidos à desespero...pelo contrário. Cada passo adiante, por aqui, é calculado e sob medidas. É tão milimetricamente previsto que eu gostaria que as mãos tremessem, que dos olhos escorressem lágrimas, que a voz se fizesse alta o suficiente. Mas a calma não deixa. Aí eu coloco em palavras...escrevo e reescrevo, na tentativa de expulsar (ou reforçar) essa vontade. Não tem mal algum.

Se eu sorrio por fora, no papel eu exprimo o desejo de não-mais.
Não mais me conter;
Não mais sorrir só pelo canto;
Não mais manter sempre a calma.

É irônico mas, vezenquando eu gostaria de perder o controle.

Um comentário:

Mayah disse...

"É tão milimetricamente previsto que eu gostaria que as mãos tremessem, que dos olhos escorressem lágrimas, que a voz se fizesse alta o suficiente. Mas a calma não deixa". Eu, por outro lado, perco o controle sempre - e gostaria de ter mais calma. Bem que a gente podia se regular as vezes, nénão, bonita?